‘Banco privado não poderia fazer o pagamento do Bolsa Família’, diz presidente da Caixa sobre privatização

Freddy stars
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Nesta segunda-feira, 23, o programa Pânico recebeu Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal. Em entrevista, ele afirmou ter planos de expansão de agências da Caixa no Norte e Nordeste do país, a fim de tornar o banco acessível à população brasileira. “A gente saiu da Faria Lima e foi para Roraima, Amapá, Rondônia e Acre, vimos uma realidade que nunca imaginei. Pelo Brasil eu vi pessoas morando em casas sem telhado, moças de 24 anos com quatro vidas [para cuidar] sozinhas. Quando a gente pagou o auxílio emergencial no ano passado, 20 a 30 milhões não sabiam ler, não tinham condição de pegar um celular. Essa ideia de banco digital funciona pra 100 milhões, mas 20 e 30 [milhões] não conseguem. É racional para a Caixa ter agências onde bancos privados não vão ter. A Caixa tem um papel social muito importante, especialmente para as pessoas do Norte e do Nordeste. Por isso estamos abrindo agências”, explicou. Ao ser questionado se há um plano de privatização para o banco, Guimarães afastou a possibilidade. “Conversei com o ministro Paulo Guedes em fevereiro ou março de 2018 e fiz um plano de privatização. É óbvio que existiam discussões, que o presidente nunca nem cogitou. Mas quando eu fui conhecer a Caixa, pensei: ‘Será que efetivamente um banco privado não poderia fazer o pagamento do Bolsa Família?’ E hoje eu afirmo: ‘Não, porque ele não está lá [em regiões afastadas]’”, disse.

Pedro Guimarães também esclareceu sobre os efeitos do auxílio emergencial. Segundo ele, os pagamentos equivocados foram corrigidos e cobrados. “O impacto foi muito menor do que as pessoas falaram, todo mês fazíamos uma reavaliação, o problema foi o primeiro mês. Isso foi realizado no dia 2 de abril, no dia 6 já tinha pago seis milhões de pessoas, todo mundo ia para as agências, iam pessoas que precisavam receber, pessoas que não podiam receber mas queriam entender, e também iam pessoas que estavam em análise. A gente estava em um desespero enorme porque as pessoas estavam sem dinheiro, ninguém sabia o tamanho dessa doença. 40 mil empregados da Caixa chegaram a atender 10 mil pessoas por dia. Algumas pessoas passaram no primeiro pagamento e foram bloqueadas no segundo, várias pessoas descobriram quando tiveram que pagar o imposto de renda.”

O presidente também afirmou que a Caixa está passando por um novo modelo de gestão nos empréstimos empresariais, que, segundo ele, favorece micro e pequenas empresas e previne grandes casos de corrupção. “Antes dessa gestão, a Caixa focava em grandes empresas. Duas empresas tinham o mesmo nível de empréstimo do que 500 mil micro e pequenas empresas. Ao invés de emprestar 10 bilhões para duas empresas, vamos emprestar 100 mil para quinhentas mil empresas. Se você pensar que uma taxa de corrupção poderia ser 1%, com 10 bilhões emprestados, você teria 100 milhões desviados, se você empresta 100 mil, são apenas mil reais. Poucas pessoas vão arriscar ir para cadeia por mil reais. Não é racional um banco público emprestar para uma grande empresa. Qualquer uma não vamos emprestar. Quando você empresta 10 ou 15 bilhões para alguém, você fica refém dessa pessoa.”

Confira na íntegra a entrevista com Pedro Guimarães:

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