Entenda por que Alison ‘Piu’ e Ana Marcela bateram continência no pódio das Olimpíadas

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Na noite desta terça-feira, 3, a nadadora Ana Marcela Cunha venceu a medalha de ouro na maratona aquática feminina de 10 km e no lugar mais alto do pódio bateu continência ao receber a medalha. No pódio dos 400 metros com barreiras masculino, o gesto também foi realizado por Alison dos Santos, o Piu, ao vencer o bronze. Você sabe por que alguns atletas brasileiros escolhem bater continência? Quem faz parte do Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas (PAAR), do Ministério da Defesa, costuma fazer o gesto ao vencer. Os atletas que integram o programa conseguem alguns benefícios de carreira militar como soldo, assistência médica, acompanhamento nutricional e de fisioterapia, além de estruturas para treinamento. Eles também precisam passar por treinamento militar regular.

Outros atletas medalhistas em Tóquio 2020 que fazem parte do programa das Forças Armadas, no entanto, escolheram não bater continência, como o nadador Fernando Scheffer, o judoca Daniel Cargnin e velejadora Kahena Kunze. De acordo com o site do governo federal, 30% da equipe brasileira faz parte do PAAR. Ao todo são 92 atletas militares: 44 da Marinha, 26 do Exército e 22 da Aeronáutica. Das 35 modalidades, sete são 100% compostas pelos militares, sendo que os saltos ornamentais e o vôlei de praia têm 75% de representantes, no taekwondo são 66,6% da equipe, na ginástica artística, 57,1%, e no atletismo, 55,7%. Com sua medalha garantida no boxe feminino até 60 kg, Beatriz Ferreira também é terceiro-sargento da Marinha e pode repetir o feito em seu pódio.

Gesto é considerado polêmico

Bater continência no pódio é um tema polêmico. Arthur Nory e Arthur Zanetti, da ginástica artística, chamaram atenção na Rio 2016 com o gesto. Nesta edição, Ana Marcela e Alison também levantaram esse debate. Muitos encaram o gesto como um ato político, sobretudo neste momento em que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) concentra diversos militares em ministérios e cargos de diversos escalões. As tensões políticas no Brasil acentuam essa polêmica. O Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas (PAAR) foi criado em 2008, durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva, pelo Ministério da Defesa em parceria com o Ministério do Esporte, com o objetivo de fortalecer a equipe militar brasileira em eventos esportivos de alto rendimento.

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