Um dos principais líderes do Talibã chega a Cabul para tratar da formação do novo governo

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Mullah Abdul Ghani Baradar, um dos líderes e cofundadores do Talibã, chegou, neste sábado, 21, a Cabul, capital do Afeganistão, para avançar na formação do novo governo. Baradar participou das negociações do acordo de paz entre os EUA e o grupo extremista, no ano passado, no qual estabeleceu-se a retirada das tropas americanas do país do Oriente Médio. Segundo informações divulgadas pelo The New York Times, o Talibã está em negociação com o ex-presidente Hamid Karzai, que governou o país de 2001 a 2014, e outros políticos. “Conversaremos com outros partidos para formar um governo inclusivo e aceitável para todos os afegãos”, disse Ahmadullah Waseq, deputado do comitê de assuntos culturais do Talibã. “Não está claro quando teremos um novo governo, mas estamos tentando anunciá-lo o mais rápido possível”.

O ex-oficial e ex-chefe executivo de governo do Afeganistão, Abdullah Abdullah, também participou das conversas e, nas redes sociais, publicou sobre o encontro com Abdul Rahman Mansour, governador em exercício do Talibã em Cabul. “Discutimos a segurança dos cidadãos de Cabul e reiteramos que a proteção da vida, propriedade e dignidade dos cidadãos da capital deve ser priorizada”, escreveu. Ainda segundo o jornal americano, enquanto as negociações aconteciam, milhares de afegãos se aglomeravam nas proximidades do aeroporto de Cabul na tentativa de conseguir espaço em algum voo de evacuação, com o desdobramento de novas cenas de destruição.  Desde que tomou o poder no Afeganistão, o Talibã trabalha para mostrar ao mundo que não é mais a organização que aterrorizou o país entre 1996 e 2001.

Baseado em uma interpretação extremista do Alcorão (o livro sagrado do Islã), o regime fundamentalista reprimiu principalmente as mulheres, que, entre outras restrições, não podiam usar vestidos ou maquiagem, eram impedidas de estudar, trabalhar ou sair às ruas sem uma presença masculina. A comunidade internacional acredita que muitos direitos conquistados por elas nas últimas duas décadas irão por água abaixo com a volta dos talibãs. O grupo, no entanto, diz que não haverá retrocessos. Por enquanto, os discursos moderados não convenceram a maioria dos afegãos, nem a comunidade internacional. E a situação tende a se agravar, já que, de acordo com o NYT, Washington congelou as reservas do governo afegão mantidas em contas bancárias dos EUA, e o Fundo Monetário Internacional bloqueou o acesso do Afeganistão às reservas de emergência.

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